O pensamento é muito comum. Bem mais do que gostaríamos.
Adora criticar o governo, colocar a culpa de tudo o que ocorre em quem está no comando. Compartilhar mentiras como se fossem verdades. Sem no mínimo ler ou pensar. Escreve nas redes sociais que não elegeu A ou B. Mas nem se recorda em quem votou para deputado estadual, federal, vereador… ou seja, conhece muito bem o sistema de governo brasileiro!
Se pode sonegar impostos, não pensa duas vezes. O Imposto de Renda que se dane.
Furar fila, então… Beber e dirigir, qual o problema? Foram só dois chopes ou duas taças de vinho. Ou até mais, mas estou ótimo.
Radar de velocidade? É só acelerar entre eles e frear um pouco antes dos equipamentos. Para quê parar em semáforo vermelho ou privilegiar o pedestre nas faixas de segurança? Ligar seta, ser educado? Placa de pare, serve para o que mesmo? Se você questiona, ouve um: “Ah, não me venha com esse papo”. Isso porque é melhor não escrever algumas palavras aqui no blog.
Quando a decisão me interessa, vai ao encontro dos meus pensamentos, tudo é maravilhoso. Se não concordo, houve sacanagem, roubo, interesse, dinheiro envolvido… e os mitos vão sendo criados.
Por que pagar inscrição se posso correr de “pipoca” e pegar medalha no final? Acha que está fazendo um “protesto”, mas desrespeita quem está ao lado e concordou com as regras. Pegar o chip ou número de outro? Usar o “avô” ou a “avó” para ter 50% de desconto e sacanear um direito recente dos idosos, de quem realmente precisa e merece? Tudo isso é “legal”, motivo de “comemoração”. E isso inclui organizadores que não respeitam os clientes, ou melhor, os corredores.
O pior de tudo: sempre se acha com razão. É capaz de disparar inúmeros argumentos, a maioria, sem fundamento algum ou facilmente derrubáveis do ponto de vista ético. Para não se aprofundar na questão legal.
A corrida de rua é exatamente o exemplo do comportamento do brasileiro. Sem tirar nem pôr. Não sei porque muitos ficam tão indignados. É só olharmos ao nosso redor, que a explicação “cai no colo”. Infelizmente.
Por André Savazoni/ revista Contra Relógio