Largada da ultramaratona. Foto: Run Brasil Ride |
Botucatu, interior de São Paulo, região conhecida como
Cuesta Paulista, possui região de vale, montanhas e bem no centro uma antiga
estação ferroviária. No último final de semana (10/12), este local foi palco do
Brasil Ride Ultra Trail, uma ultramaratona em trilhas que reuniu mais de mil e
cem atletas de várias regiões do Brasil e até atletas internacionais.
O evento oferecia três percursos 70k, que podia ser
disputado individual ou em duplas (revezamento), além dos 16k e 5k. O percurso de 70k foi o mais intenso teve a
largada às 6h (horário de Brasília). Nesta ultramaratona de corrida de montanha
foram 2.256 metros de altimetria acumulada. Foram seis pontos de hidratação e
três pontos de corte nos 16,5 km (3h de prova), nos 38,3 km (6,5 horas) e 57,5
km (12h de prova).
Uma noite antes da largada choveu bem na região e deixou o
terreno bastante desafiador, a chuva voltou a cair bem na hora em que os
competidores dos 16k largaram, o trajeto que já era difícil ficou ainda mais pesado
e penoso!
Silvano Nascimento precisou de 5h45min para se consagrar bicampeão
da Run Brasil Ride Ultra 70k solo. À tarde, o evento contou a ultra kids, e por
volta das 15h foi à vez dos atletas dos 16k e meia-hora depois os competidores
dos 5k.
Uma corrida de
montanha que se você for desistir é preciso chegar ao fim!
A Run Brasil Ride marcou nossa primeira corrida fora do estado,
esta prova também marcou a nossa redenção ao Trail Run! Pela superação que uma
corrida deste nível exige do atleta, pelas amizades feitas e pelo
companheirismo que existe durante o percurso.
Mas antes é preciso dizer que a ansiedade me contaminava a
cada minuto que antecipava a largada dos 16 quilômetros. Na largada, a chuva
que caiu forte só me deixava mais convicto que essa seria a corrida mais
difícil da minha vida, e foi... Até
larguei bem e tentei manter um ritmo confortável num pacer de 6’15” e até 6’20”.
Nem o riacho logo após a largada me assustou, estava
bem e assim eu fui, nos primeiros
quilômetros o trajeto era em uma estrada
de terra, subidas, descidas, mata-burro,
novamente um riacho e mais subidas. Do quilômetro quatro pra cinco, a corrida
de montanha se apresentava em uma subida de pura lama que já estava muito
pisoteada, isso pesou, mas até aqui estava cumprindo o meu propósito.
Mas ai meus amigos, veio à primeira montanha... Novamente uma
subida com muita lama e uma fila interminável de corredores, foi ai que resolvi
meter o modo loco baixei a cabeça e subi, pelo mato, espinho e morro acima!
Aproveitei para ultrapassar outros atletas, até o quilômetro cinco e meio
quando alcancei uma colega da K2 Running, comecei segui-la por subidas íngremes,
quando olhei pro relógio já estava no quilômetro seis, e para minha surpresa já
estava com 53minutos de prova.
Atletas no percurso dos 16km. Foto: Run Brasil Ride |
Uma hora de corrida, eu ainda estava no quilômetro sete, a
lama que grudava no solado deixava ainda mais pesado o percurso, uma hora sobe noutra
desce, até que em uma das descidas desci como um caminhão carregado sem freio (risos), deslizando e escorregando.
Pela frente veio mais riacho e o cansaço começava a dar
sinal, nisso eu passava pelo 9km, enfim, chegou a segunda montanha, mais subida por trilhas de lama o psicológico
e as horas já estavam jogando contra, mas era preciso terminar! Uma subida com
muitas pedras e no final uma estrada de terra no alto da montanha era o último
ponto de hidratação que já sinalizava o final do percurso, restavam apenas
quatro quilômetros de descida.
Mas eu não tinha pernas... O tênis já estava encharcado, embarrado
e pesava muito, o que me sobrou foi apenas a moral, foi nela que me agarrei
para terminar os 15 quilômetros e 700 metros com
2h31min10seg.
Cenário lindo da Cuesta Paulista. Foto: Run Brasil Ride |
Nossa opinião
Uma corrida sem frescura, sem luxo, com toda segurança que
era monitorada pelas motocicletas de cross que transitavam e observava os
atletas, os staffs também estavam posicionados em pontos estratégicos.
É bom deixar claro que em corridas de montanha o atleta é autossuficiente,
ou seja, é preciso levar sua mochila de hidratação, como a maior parte do
percurso fica em locais afastados, no meio da natureza, em trilhas e montanhas,
não existe estrutura de hidratação no meio do percurso. A justificativa pra
isso é por conta da logística e principalmente para não denegrir o meio ambiente.
Enfim, certos ou não, o fato é que a maioria das provas desse tipo não oferece
hidratação durante o percurso. No percurso que fiz de 16k, existiam apenas dois
sendo o primeiro nos 9 km e o segundo nos 12 km.
Encerramos nosso calendário de 2016 com uma corrida
digna de um ano em que corremos e trabalhamos muitos para informar e incentivar
vocês de que correr faz um bem imensurável.
Ao Brasil Ride fica nosso agradecimento por nos oferecer tudo isso e
muito mais, em 2017 voltaremos!
Medalha Finisher. Foto:Israel Espíndola |